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Lucro de planos de saúde sobe 157%
saúde - 03/09/2025
Os planos de saúde encerraram o primeiro semestre de 2025 com lucro operacional de R$ 6,3 bilhões, um aumento de 157% na comparação com o mesmo período do ano passado e o maior desde 2021. Já o resultado líquido, que também considera a remuneração das aplicações financeiras das operadoras em meio a altas taxas de juros, alcançou R$ 12,4 bilhões, 143% acima do registrado nos primeiros seis meses de 2024.
Os dados foram divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nesta terça-feira.
Entre janeiro e junho, operadoras de planos de saúde médico-hospitalares — principal segmento do setor — acumularam R$ 187 bilhões em receita, a maior parte disso, cerca de R$ 166 bilhões, das mensalidades pagas pelos usuários.
Além do resultado operacional, representado pela diferença entre a receita recolhida com as mensalidades e as despesas assistenciais, comerciais e administrativas, os ganhos financeiros também impulsionaram os bons resultados das empresas.
Num cenário de alta da taxa Selic, hoje em 15%, os investimentos das operadoras vêm crescendo: no primeiro semestre de 2024, eram R$ 119 bilhões, patamar que alcançou R$ 130 bilhões em junho deste ano. O resultado foi um retorno de R$ 6,8 bilhões no período, aumento de 55,4% em relação ao primeiro trimestre de 2024.
Considerando todo o setor — operadoras médico-hospitalares, odontológicas e administradoras de benefícios —, a remuneração ajudou o lucro líquido das empresas a alcançar R$ 12,9 bilhões nos primeiros seis meses desse ano, valor que já é superior ao total observado pelo setor em todo o ano de 2024.
— Na composição do resultado líquido, o resultado financeiro sempre esteve muito acima do resultado operacional. Foi o que equilibrou as contas do setor no pós-pandemia e que contribuiu ainda mais em 2024. Estamos chegando praticamente metade-metade, e é isso que explica no final do dia o resultado líquido — explicou Washington Alves, gerente de Habilitação e Estudos de Mercado da ANS.
Sinistralidade cai
A taxa de sinistralidade — fatia da receita das operadoras usada para custear a assistência aos usuários — ficou em 81,1% no primeiro semestre, 2,7 pontos percentuais abaixo do registrado no mesmo período do ano passado e o menor índice registrado para um 1º semestre desde 2018 — à exceção de 2020, quando a sinistralidade foi ainda mais baixa em razão dos efeitos da pandemia.
— Os números do primeiro semestre de 2025 mostram um resultado histórico para a saúde suplementar: aumento do resultado operacional, redução da sinistralidade e manutenção de receitas financeiras robustas. Esse conjunto de fatores contribui para a sustentabilidade econômico-financeira do setor, o que é fundamental para garantir a continuidade da assistência a mais de 50 milhões de beneficiários — analisou o diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS, Jorge Aquino.
Para a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa as maiores operadoras do setor, os dados são positivos, mas o resultado representa apenas uma recuperação após “margens negativas por quase três anos”.
“Para consolidar esses resultados de maneira sustentável, o setor precisa voltar a crescer, algo que não ocorre há dez anos. E para crescer o setor depende muito da evolução do mercado de trabalho formal, já que a grande maioria dos planos de saúde são empresariais, oferecidos aos trabalhadores pelos seus empregadores”, disse o diretor-executivo da entidade, Bruno Sobral.
Já a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), que representa a maior parte das operadoras, destacou que cerca de 40% das operadoras registraram resultados operacionais negativos, principalmente “pequenas e médias operadoras responsáveis por levar saúde de qualidade para regiões fora dos grandes centros financeiros do país”.
“São muitos os desafios estruturais: incorporação acelerada de novas tecnologias (foram 124 nos últimos três anos), decisões judiciais que obrigam a cobertura de tratamentos ainda não incorporados, experimentais ou off-label (fora da recomendação de bula) e fraudes contra planos de saúde que, somente com reembolsos nos últimos cinco anos, estima-se um custo desnecessário de R$ 12 bilhões. No mesmo período o custo com judicialização da saúde suplementar foi de R$ 21,5 bilhões.
Fonte: O Globo